O carro de hoje possui tudo o que citei acima. Uma legião de fãs mundo afora, quase um culto a sua existência e claro, muita paixão em seu desenvolvimento. Estamos falando do Toyota TS-020 ou para os mais íntimos, o Toyota GT-One.
Concebido por como um modelo Coupé da classe LMGTP do ACO pelo projetista Andre de Cortanze, o GT-One teve seu projeto iniciado em 1997 em Colonia, na Alemanha. O modelo tinha um incrível motor V8 de 3,6L que era dotado ainda de dois turbocompressores que desenvolviam cerca de 600 cv. O carro tinha um chassi em fibra de carbono com um peso total de 900 kg.
O motor bi-turbo com mais de 600 cv aliava potencia e durabilidade. Reprodução
No entanto, para que o carro pudesse estar adequado as regras do ACO, um modelo de rua precisaria ser feito com algumas condições. Ter no mínimo dois lugares e comportar ao menos uma mala pequena, para que este pudesse se enquadrar como carro de rua/estrada. A Toyota fez dois deles, que hoje estão em exposição.
Toyota GT-One Road Car em exposição. Reprodução
O primeiro chassis foi liberado para testes em dezembro de 1997. O projeto era considerado para a época uma das maravilhas da engenharia moderna, pois foi totalmente desenvolvimento em softwares que previam todas as anomalias do projeto de forma que os projetistas pudessem ajustar todos os parametros conforme sua necessidade deixando o desenvolvimento mais rápido e dinâmico. Ante as tradicionais pranchetas, a equipe sediada na fábrica em Colônia pode usar toda a liberdade técnica que o regulamento permita para o desenvolvimento do carro.
Após muitos testes o modelo estava pronto para as 24 Horas de Le Mans de 1998, tendo como concorrentes diretos os também lendários Mercedes-Benz CLK LM, Porsche 911 GT1 e o Nissan GT390 GT1 LM.
Modelo de 98. Abandono dos três carros causou constrangimento na Toyota. Reprodução
Para a prova de 1998, três modelos foram inscritos pela montadora, porém todos sofreram com problemas. O único que chegou ao final da prova foi o carro de número #27 que tinha o folclórico piloto Ukyo Katayama que até o ano anterior era piloto da Minardi na Formula 1. Entretanto chegou a praticamente 25 voltas do vencedor daquela edição.
Para 1999, a Toyota estava envolta em muitos boatos sobre sua entrada na Formula 1. Mas enquanto o papo rolava solto nos bastidores, o desenvolvimento do carro continuou firme em busca da tão sonhada vitória em Sarthe. Para esta prova, novamente foram inscritos três modelos que que utilizavam os números #1, #2 e 3#.
Em 99 a Toyota esteve perto de vencer. Mas um pneu furado frustou os planos. Reprodução
Martin Brundle fez a pole e a Toyota dominou a primeira fila, com Boutsen garantindo o 2º lugar no grid de 45 carros, que estava desfalcado da Mercedes CLR #4 de Mark Webber que sofreu um acidente espetacular nos treinos. O carro #3 largou em oitavo e, enquanto os pilotos de elite se envolviam em acidentes e abandonando durante à noite, o trio dos japoneses progrediam na classificação. Estavam em 3º pouco depois da metade da disputa e assumiram a segunda posição a três horas da chegada. Não sem antes sofrer um susto enorme, quando um pneu do GT-One explodiu no ponto de maior velocidade do circuito, com Katayama a bordo por conta de um retardatário que forçou Katayama a sair da pista. O piloto mostrou frieza e perícia para evitar um grave acidente.
Por conta do problema, Katayama precisou ir aos boxes e na volta ainda ficou a frente da Audi. Faltou fôlego para impedir que a BMW vencesse a prova e o trio japonês composto por Katayama/Suzuki/Tsuchiya chegaram mesmo em 2º lugar, uma volta atrás. Como consolo, Katayama fez a volta mais rápida da prova em 3’35?032, já nas últimas voltas da disputa.
Entretanto, esse carro foi essencial para o desenvolvimento do modelo de Formula 1 da Toyota. Gustav Brunner afirmou que nuitos componentes do modelo foram utilizados como base no projeto F1 que se iniciou no ano 2000 e que permitiu a Toyota entrar na categoria no ano 2002.
O GT One ainda possui forte apelo entre os fãs de jogos eletrônicos. Na série Gran Turismo ele é uma das estrelas desde a segunda versão do jogo até a atual. É um dos melhores carros e muito cobiçado entre os jogadores.
Nos jogos eletrônicos o modelo é sempre destaque. Reprodução
O visual distinto do Toyota GT-One é parte do seu apelo, sem dúvida – a dianteira baixa, os para-lamas elevados, o bico no capô, a traseira longa e quase plana, o cockpit em forma de bolha. É um desenho quase atemporal, extremamente contemporâneo, mas ao mesmo tempo, noventista. É um carro que ficará marcado para sempre com um dos mais belos e rápidos e apaixonantes carros de corrida da história.
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