AUTOS - MICHELIN CADA VEZ MAIS LONGE DA F1


Em entrevista ao site F1 Insider, Matthieu Bonardel, responsável pela Michelin Motorsport, braço esportivo da fabricante francesa de pneus, deixou claro que a filosofia adotada atualmente pela Fórmula 1 para o uso de pneus, não atrai a Michelin para o grande circo.


A fabricante com sede em Clemont-Ferrand esteve presente na F1 pela última vez em 2006 e desde então, apesar de ser fornecedora de uma grande quantidade de categorias que correm mundialmente, tem demonstrado cada vez mais desinteresse na Fórmula 1.

“Não sei se a Fórmula 1 está realmente interessada em ter outro fabricante de pneus”, iniciou Bonardel, quando questionado sobre o convite da Fórmula 1 para apresentação de empresas candidatas a fornecer para a categoria.

Segundo ele, o fato de se produzir pneus com a intensão de degradá-los com o uso na corrida, algo que os pilotos devem gerir, vai na contramão da filosofia da empresa, que busca desenvolver pneus que durem mais, mesmo em condições extremas.

“Para nós há simplesmente certos critérios que têm que ser cumpridos. Temos que ser capazes de ser inovadores, onde utilizamos o esporte motorizado como um laboratório de testes. Queremos contar uma história que se enquadre na filosofia da marca Michelin, que produz pneus de alta qualidade, que duram mais e são sustentáveis”, continuou.

Apesar de ir contra os objetivos da Fórmula 1, Bonardel afirmou que se receber a carta convite da categoria para apresentar uma proposta, a mesma será analisada: “Se houver um convite à apresentação de propostas para a F1, é claro que analisaremos com muita atenção”.

O dirigente francês também falou sobre o fato da Bridgestone estar interessada em fornecer para a Formula 1, algo que ele suspeita não ser verdadeiro, uma vez que o propósito da concorrente está mais alinhado à filosofia da Michelin, do que da Pirelli, a atual fornecedora de pneus da categoria.

“O convite para a apresentação de propostas não foi escrito para um recém-chegado, mas para o atual fornecedor. Em termos de filosofia, de mentalidade e de objetivos estratégicos, a Bridgestone não é muito diferente da Michelin. Estão certamente mais próximos de nós do que a Pirelli - eu ficaria muito surpreso se a Bridgestone quisesse demonstrar a degradação dos pneus apenas para estar na Fórmula 1”, disse.

“No concurso da F1 há apenas meia linha sobre sustentabilidade. As expectativas neste sentido são praticamente nulas e não têm qualquer importância. A realidade é que o pneu é utilizado para criar uma situação difícil para o piloto. Ele tem que geri-los e isto dá uma má imagem ao pneu. Queremos que os pilotos possam lutar e ficar satisfeitos com o seu parceiro de pneus. Talvez a Pirelli não se importe, mas é uma obrigação para nós. Portanto, enquanto eles tiverem essa filosofia, nós estamos fora”, concluiu.

Sendo assim, ao que tudo indica a Pirelli parece estar rumando para mais uma renovação de contrato de fornecimento exclusivo com a Fórmula 1, onde independente das visões estratégicas de cada empresa, é inegável que a categoria é uma imensa vitrine para as marcas que estão associadas a ela.

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Foto: Reprodução (Twitter Michelin)


Márcio de Luca

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Márcio de Luca

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