Verdade seja dita, os quase 20 km de subida com suas 156 curvas não é para poucos, sobretudo, porque a rampa de 1.440m metros de desnível que segue rumo às nuvens tem um traçado extremamente técnico, que faz com que saber dosar velocidade, adrenalina e entender onde está o limite de cada curva (que normalmente dá para uma ribanceira), requer não apenas conhecimento do carro, mas experiência em pilotagem de alto nível.
Isto posto, podemos dizer que o título deste ano ficou nas mãos de quem conhece muito bem o traçado: Robin Shute conquistou pela quarta vez a subida mais rápida da implacável montanha norte-americana com o tempo de 8m40s080 a bordo de um protótipo Wolf TSC-FS de 2018 modificado (utilizou um chassis GB08 da própria marca), equipado com motor Honda 2.1 Litros turbo na classe Unlimited – o resultado está muito aquém do atual recorde, que é de 2018 cujo tempo foi de 7min57s148, porém, as condições da subida neste ano foram um pouco adversas.
“Muito difícil com as condições de pista de hoje - alguns trechos havia um nevoeiro denso”, disse Shute logo após o feito. “A última parte foi meio complicada. Eu estava em marcha lenta, na terceira marcha, tentando encontrar a estrada - você tem algumas linhas brancas nas laterais e eu estava apenas mantendo meus olhos nelas e esperando chegar ao topo”, concluiu o vencedor explicando a complexidade da subida deste ano, onde pode-se atribuir a este nevoeiro o quase um minuto de diferença do tempo deste ano para o recorde da prova.
O segundo melhor tempo ficou nas mãos de quem também conhece muito bem a rampa de Colorado Springs, sendo inclusive o atual detentor do recorde da prova – Romain Dumas a bordo da Ford E-Transit Super Van 4.2 fez o tempo de 8m47s682, com o mix de van com pick-up cuja potência está na casa dos 1.050 KW (cerca de 1.400cv).
No caso de Dumas, talvez a aerodinâmica tenha sido um limitador para o feito, que aliado ao nevoeiro no trecho final da subida, tenha contribuído para ser superado por Shute – o próprio piloto francês a bordo do VW I.D. R em 2018 tinha um equipamento com uma aerodinâmica muito refinada, porém, com o trecho final fechado por uma densa camada de nuvens, talvez não fosse suficiente para obter um tempo melhor.
Já o terceiro tempo, 9m17s412, foi marcado pelo Alpine A110 GT4 Evo, cujo feito colocou a marca francesa, divisão esportiva da Renault, pela primeira na tradicional prova, mostrando que o projeto e iniciativa entraram com o pé direito na montanha, já que levou Raphael Astier ao pódio da competição.
A prova contou ainda com a participação de Lia Block, filha do piloto Ken Block, falecido no inicio deste ano. Lia pilotou o Porsche Hoonipigasus, projeto do seu pai, que é um 911 de 1966 ultramodificado, dotado de motor central traseiro de seis cilindros em linha, 4.0 Litros biturbo, que entrega impressionantes 1.400cv de potência.
Block filha fez apenas uma exibição na prova, porém sua mãe, Lucy, viúva de Ken Block, com um pequeno Sierra Echo EV, um veiculo elétrico que se parece muito com um UTV, fez a subida em 11min25s315, muito distante da ponta da tabela de tempos, porém ela ficou na décima posição da classe Unlimited, onde vale lembrar que entrou na categoria rookie, ou seja, foi a primeira vez que competiu.
No mais, novamente a mais famosa subida de montanha do mundo nos presenteou com uma grande mostra de veículos dos mais diversos tipos, sejam os exclusivíssimos Ford E-Transit Super Van 4.2; Alpine A110 GT4 Evo; Porsche Hoonipigasus, já citados acima, seja por aventureiros e entusiastas da competição, como Scott Birdsall que usou um Ford 1949 F1 (exibição); ou David Hackl que levou para a pista um Audi Quattro 1983.
Seja como for, a cada ano que se passa, mais entusiastas e empresas se juntam ao pé da montanha de Colorado Springs para celebrar rumo às nuvens (neste ano literalmente), a paixão pelo automobilismo.
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Foto: Reprodução (Twitter PPIHC)
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