ENDURANCE - A BELEZA (E DIVERSIDADE) DAS MÁQUINAS DO ENDURANCE BRASIL


No último final de semana a pista paulista de Interlagos foi o palco do encerramento da temporada 2022 do Endurance Brasil, campeonato de provas de resistência que além de possuir os carros mais velozes do país, desponta como o mais diversos em termos de modelos em território nacional.


A competição é dividida em diversas classes e este acaba sendo também um dos motivos de tanta diversidade, pois em função do regulamento do campeonato, permite-se que uma grande variedade de modelos de vários anos de fabricação esteja presente na competição, que ano após ano tem elevado o nível da mesma.

Vale lembrar que diferente de anos anteriores, onde muitos carros de produção nacional estavam na pista, neste ano, salvo os protótipos fabricados por aqui, apenas importados desfilaram pelos autódromos brasileiros.

Desta forma, vamos passar a limpo cada uma das classes e esmiuçar os modelos de cada uma delas, onde apesar de citar cada carro no singular, alguns deles temos em quantidade.

CLASSE P1: TOPO DOS PROTÓTIPOS

A classe rainha da competição é a P1 que contempla os carros mais rápidos do país, onde encontramos o AJR, modelo campeão na geral e em sua classe – o modelo foi desenvolvido pela JLM Racing, empresa capitaneada por Juliano Moro e que derivada da Metalmoro, importante fabricante gaúcha de carros de competição.

Além deste, a classe ainda conta com um Ligier JS P320, mesmo carro que disputa campeonatos da classe FIA LMP3 ao redor do mundo, um Ginetta G58 (originalmente um G57, mas atualizado para esta nova versão e que também é classe LMP3) e o protótipo Sigma P1, que nesta última etapa de Interlagos venceu de ponta a ponta a derradeira corrida do final de semana com a quinta geração do modelo.

É provável que na temporada 2023 o Ginetta citado acima não esteja presente no campeonato, pois exatamente neste final de semana em Interlagos, um acidente próximo ao final da corrida de sexta-feira praticamente o destruiu.

Apesar de não ter competido na reta final do campeonato, não podemos deixar de citar o Tubarão XI, carro desenvolvido pela equipe MC Tubarão em conjunto com a Sigma P1 – este é um protótipo aberto que ainda não se sabe ao certo se o time gaúcho dará continuidade em seu desenvolvimento e uso nas pistas.

CLASSE P2: DIVERSIDADE QUE NECESSITA CRESCIMENTO

Neste ano foi esta a classe mais penalizada em termos de volume de carros no grid, onde quase que em todas as corridas apenas o MCR GrandAm da FTR Motorsport esteve presente, ainda que nesta tivemos modelos MRX, porém “rebaixados” para a P2 Light.

Para 2023 este cavaleiro solitário da classe deverá ser aposentado, uma vez que a equipe migrará para a P1 e utilizará um AJR, mas devemos considerar que a equipe gaúcha MC Tubarão levou para a pista paulista o novo protótipo Tubarão XII, que competirá na P2 e em função de rearranjos nas classes, que neste ano contou com a P2 e P2 Light, podemos ter um volume maior de modelos inscritos e competindo regularmente.

CLASSE GT3: TODA A BELEZA DOS IMPORTADOS

De longe esta é a classe que mais enche os olhos dos expectadores, pois é exatamente a GT3 quem mais aproxima o Brasil das competições que acontecem na Europa e EUA, uma vez que as equipes lançam mão de trazer modelos importados para competir por aqui e como o volume de opções é grande, o leque de modelos disponíveis no Endurance Brasil igualmente cresce.

Apenas pensando e comparando a competição nacional com o campeonato alemão de turismo, o DTM, tivemos no grid este ano o BMW M4 GT3, a Ferrari 488 GT3, o Mercedes AMG GT3 e o Porsche 911 GT3R, todos modelos que competem no campeonato da Alemanha, o que demonstra o crescimento da categoria e a seriedade que a competição disfruta, pois como sabemos, estamos falando de carros que custam alguns milhões de reais, então a brincadeira é realmente séria.

Mas não para por ai, pois ainda temos no line up da competição o McLaren 720S GT3, mesmo carro que Marcelo Hahn e Allam Kodair foram campeões em 2020 no GT Open, o maior campeonato de veículos GTs do planeta – aqui no Brasil o carro é acelerado pela mesma dupla na competição.

CLASSE GT4: “PEQUENOS” NOTÁVEIS

Tal como na classe GT3, a GT4 também é de encher os olhos, pois a cada ano o número de modelos em atividade aumenta e abrilhanta ainda mais a competição.

Neste ano tivemos algumas adições que deram mais corpo à classe, onde além da Ferrari 458 Italia, do Lamborghini Gallardo LP600+ e do Mercedes AMG GT4 que já competiam, juntou-se ao grupo o BMW M2 CS, o Ford Mustang GT4 e o Porsche 718 GT4 Cayman Clubsport.

PROJEÇÃO PARA 2023

Em 2022 tivemos nada menos que 32 carros inscritos na prova de abertura que ocorreu no mês de abril em Goiânia, GO, perfazendo-se um total de 19 modelos diferentes em pista, o que demonstra que não apenas a seriedade do automobilismo brasileiro continua muito grande, mas acima de tudo, que o compromisso com a evolução e melhoria da competição por parte de equipes e pilotos, segue numa crescente que só melhora as oportunidades de projeção de profissionais para voos ao exterior – não apenas pilotos, mas engenheiros e toda espécie de profissionais especializados que comporta um campeonato como este.

Ou seja, podemos esperar da temporada 2023 um crescimento ainda maior do Endurance Brasil, pois nos bastidores da competição fala-se da adição de mais dois Ligier à classe P1, além de novos AJR em pista; um novo Sigma que disputará na classe P2 e seguramente novos GTs aparecerão nas duas classes de esportivos.

Em suma, ficamos deslumbrados quando vemos provas do IMSA, WEC, ELMS, GT Open, entre tantas outras categorias internacionais, mas se olharmos para dentro do nosso território, percebemos que a grandeza dos campeonatos disputados por aqui não fica devendo em nada para o que acontece lá fora – claro que seria interessante ter um LMDh, um LMP1 ou DPi correndo no Brasil, mas se fizermos um exame de consciência, veremos que efetivamente eles não fazem falta, salvo pela exclusividade que estes carros representam.

No demais, temos efetivamente um gigantesco campeonato em mãos e sendo assim, valorizemos!

Foto: Márcio de Luca


Márcio de Luca

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Márcio de Luca

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