ENDURANCE - O FEITO HISTÓRICO DE ANDRÉ NEGRÃO


No último sábado tivemos a rodada final do WEC com as 8 Horas do Bahrein, etapa que tivemos o alinhamento do time francês Alpine indo cabeça com cabeça contra os homens da Toyota rumo ao título de pilotos, com o brasileiro André Negrão no meio dessa luta.


Infelizmente não foi desta vez que a taça veio para o Brasil, pois os homens do GR010-Hybrid #8 com um segundo lugar na corrida levaram o título, que no caso de construtores já pertencia a Toyota, que corre com dois carros e ai a tarefa acaba por ficar mais fácil.

Negrão, Nicholas Lapierre e Maxime Vaxiviere levaram o A480 fabulosamente até o pódio na terceira posição e por se tratar de um carro com tecnologia tão distante dos modelos LMDh, o feito é verdadeiramente histórico, pois resistiram no campeonato até a última rodada, sem ceder um milímetro aos nipônicos, indo para a etapa final de cabeça erguida, sabendo que aquele tudo ou nada seria o equivalente a uma decisão no futebol nos pênaltis, onde nem sempre o melhor time é quem ganha.

Mas, a Toyota foi brilhante na etapa final, onde o carro #7 rapidamente tomou a frente da competição e não foi incomodado por ninguém em nenhum momento - Mike Conway, Kamui Kobayashi e Jose Maria Lopez corriam por fora nesta etapa, ainda que pudessem ser campeões (se os carros #8 e #36 não completassem a prova) e fizeram o que precisavam para levar o caneco, mas naquele momento não dependia apenas deles – uma brilhante pilotagem, um rendimento excelente, mas a Alpine estava por lá, o que não permitiu que eles fossem vice-campeões da temporada.

Enfim, Sébastien Buemi, Brendon Hartley e Ryo Hirakawa terminaram o campeonato com 149 pontos cada, apenas cinco a mais que a tripulação que corre o brasileiro, o que mostra que heroicamente o feito vale tanto quando o título, dado o abismo tecnológico que existe entre o A480, um carro da classe LMP1 utilizado pela primeira vez em 2018 pela Rebellion Racing, contra o atual GR010, um carro desenvolvido para os novos regulamentos, que goza dos benefícios que um protótipo híbrido pode trazer à competição.

É bem verdade que o título seria melhor? Sim, claro que sim, pois coroaria de forma única todo este esforço que o time como um todo realizou, mas sendo bastante honesto e justo, Negrão e sua turma não devem nada a ninguém e o merecimento do título pelos homens da Toyota também é verdadeiro – deixando de lado um pouco a nacionalidade, temos que dar à César o que lhe pertence e neste caso, o título de pilotos para a tripulação do carro #8 também é merecido.

Seja como for, André Negrão e sua equipe saem de cabeça erguida desta temporada, que diferente do que se viu no ano passado, a disputa em 2022 terminou literalmente no fim e isto por si só já é um feito imenso.


Márcio de Luca

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Márcio de Luca

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