WEC: DEZ ANOS DE ESPERA, TRÊS DIAS DE DELÍRIO


Para os brasileiros aficionados por automobilismo que estiveram em Interlagos no último final de semana, o imenso desfile de máquinas maravilhosas como foi visto na pista paulista de Interlagos, é o sinal que a espera valeu a pena.


Foto da capa por Marcio de Luca

O WEC, Campeonato Mundial de Endurance esteve no Brasil pela última vez em 2014 e na ocasião o campeonato era um mero rastro do que foi visto neste ano: a já combalida classe LMP1 contava com apenas 10 carros no grid, seguido por quatro protótipos LMP2 e outros 17 GTEs, divididos entre as classes Pro e Am, perfazendo-se ao todo seis fabricantes no campeonato, além de Oreca e Ligier, fabricante dos chassis da classe LMP2.

É fato que 31 carros disputaram o campeonato daquele ano, mas se comparado ao que foi visto em São Paulo no último final de semana, o panorama da competição é muito diferente, sobretudo pelo forte envolvimento das montadoras na cena atual da competição, que deverá ter o grid engordado em 2025.

Dez anos depois e com este imenso vácuo de tempo sem correr por aqui, o WEC voltou a Interlagos trazendo nada menos que 14 fabricantes divididos em apenas duas classes, uma para protótipos e outra para GTs - foram 37 carros competindo com uma variedade de modelos e marcas no grid, com nove fabricantes distintos na classe de topo e 19 carros na pista, além dos 18 GTs do grid espalhados por oitos marca, o que comprova que o tempo fez muito bem para o campeonato.

Foi a verdadeira celebração ao automobilismo, coroada com uma prova que dentre todos os seus grandes predicados, no decorrer das seis horas de corrida, apesar de todos os pegas e disputas muitas vezes duras, o safety car não precisou ser acionado nenhuma vez e ainda que por alguns períodos houve Full Corse Yellow, ou momento de atenção e de ritmo contido para atender algumas intercorrencias na pista, nenhum incidente apresentou gravidade.

E há outro detalhe: quando o cronômetro regressivo chegou ao zero depois das seis horas de corrida, apenas três carros não estavam mais competindo, mostrando que a pista da zona sul de São Paulo soube seduzir bem os times e pilotos a ficarem até o fim da festa competindo.

Dito isto, o Brasil entregou ao mundo uma corrida de tirar o fôlego e de dar água na boca até para os mais incrédulos fãs do endurance, que verdade seja dita, viveu um período recente de pouco interesse na competição, mas que com a chegada dos hypercars e a entrada dos veículos classe FIA GT3, o salto de qualidade e visibilidade foi avassalador, haja visto a entrada de Porsche, BMW, Lamborghini e Ferrari, marcas consagradas por fabricar veículos de alta performance, unidas às demais, todas ícones do mundo das quatro rodas.

Além disso, muito pilotos e diversos profissionais da imprensa internacional nunca haviam pisado em Interlagos e saíram daqui deslumbrados com a qualidade do autódromo, a recepção de uma forma geral é o nível de corrida que a pista permitiu.

Claro que esperar nem sempre é algo bom, porém esta espera foi muito bem recompensada, pois ao final das 236 voltas dadas pelo Toyota GR010 Hybrid #8, vencedor da corrida, a sensação de ter presenciado uma das melhores corridas da história do endurance e do automobilismo mundial, era nítida nos rostos de cada um que se fazia presente.

Ou seja, nosso país deu um show de corrida ao mundo, que apesar de todo o preconceito que há sobre a América do Sul, terão que se render ao espetáculo que promovemos, cujo retorno ao solo brasileiro está garantido pelos próximos quatro anos.

Enfim, vida que segue, cabeça erguida e estamos na mapa de novo!

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Fotos: Luiz Renato Moraes/Conteudo Motorsport


Márcio de Luca

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Márcio de Luca

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