Fórmula 1: A arte de andar no limite


A Fórmula 1 é o topo do automobilismo mundial e por consequência, deveria ser a categoria onde os melhores pilotos em atividade deveriam estar competindo. No entanto, por uma série de fatores – dentre eles o dinheiro – não temos visto isto nos últimos 25 anos.


Uma luta entre o dinheiro e o talento

Porém, mesmo que os 20 pilotos do grid não sejam as estrelas absolutas do automobilismo, há alguns pilotos extremamente diferenciados e isto ficou comprovado nesta prova de Austin, onde não há como não pensar na luta particular entre Lewis Hamilton da Mercedes e Max Verstappen da Red Bull Racing, que protagonizaram um duelo muito acima do que foi visto em todo o restante do grid.

É claro que não podemos descartar o grande desempenho que apresentou Daniel Ricciardo da McLaren; o ganho de desempenho que a Ferrari mostrou nesta corrida, com seus dois pilotos encerrando na zona de pontuação, ou mesmo a nova ida de Sérgio Perez ao pódio – tudo isso foi de grande valia para a corrida e para o campeonato, mas nada que supere a pressão que os ponteiros carregavam sem seus ombros.

Hamilton precisava a todo custo de uma vitória de formação e foi pra cima já na largada e ainda que tenha sido “espremido” na lateral da pista por Verstappen – sem que se tocassem, um percebeu qual era o limite do outro e abriu – não houve choque, mesmo que tenham ficado lado a lado, roda com roda.

Um show de pilotagem em Austin

Verstappen que vinha atrás não conseguia se aproximar o suficiente para tomar a posição do inglês e mesmo com a asa móvel a seu favor, os limites invisíveis estavam lá e o impedia, fazendo com que a perseguição não desse trégua volta após volta, até que o holandês resolvesse parar e trocar seus pneus, ganhando nos boxes os segundos que lhe faltavam.

Logo depois foi a vez de Hamilton ir aos boxes e aí as posições se inverteram e vindo de trás, para se aproximar do piloto da frente, os pneus acabam desempenhando um papel fundamental, onde saber dosar a agressividade para conter o desgaste é indispensável. Fez isso com maestria, mas na outra ponta da equação estava Verstappen, correndo como podia, mas contendo da mesma forma o desgaste de suas borrachas.

Deste ponto em diante as posições dentro da pista entre os dois não mudariam mais, da mesma forma que o jogo de gato e rato permanecia em voga, onde cada um dos dois se manteve andando nos seus limites, mas de forma quase que surreal não cometeram um só erro: a pressão de estar sendo atacado e a pressão de ter que passar o adversário não foi suficiente para tirar a atenção e o foco durante as 56 voltas da corrida, com cada um entregando o melhor poderia entregar.

Diferenciados por natureza

É verdade que Perez desfruta do mesmo equipamento que Verstappen goza, da mesma forma que Valtteri Bottas também dispõe do mesmo equipamento que Hamilton utiliza, porém nenhum dos dois são capazes de fazer o que o #33 e o #44 conseguem – é injusto fazer uma comparação como está, sobretudo porque os seres humanos são diferentes por natureza, mas quando se fala de Fórmula 1, falamos de levar tudo aos seus limites, inclusive o ser humano.

O que fica claro é que pelo menos para mim, é que para alguns pilotos este limite está um pouco acima da média e é isto que nos faz perceber por que o campeonato está sendo decidido entre estes dois cidadãos em estágios de carreira tão diferentes – não estão apenas nos melhores carros, ou nas melhores posições do campeonato – estão efetivamente na melhor forma que um piloto de corridas pode estar e é isto que os diferencia da grande maioria do grid.

E longe de querer dizer quem foi o melhor, o que percebo é que os dois são indiscutivelmente os melhores, com os números falando por si só a favor de ambos.

Fotos F1

 

Márcio de Luca

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Márcio de Luca

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