Neste sentido Verstappen é alguém que se por um lado tem um talento nato, por outro, tem sido incapaz de usar a inteligência em certos momentos ao seu favor, sobretudo quando se diz respeito a mágoas do passado, algo que neste GP de São Paulo pudemos ver boas mostras deste defeito que o holandês carrega.
Ao que parece, um dos seus grande desafetos na Fórmula 1 é sem dúvida alguma Lewis Hamilton, alguém com quem o piloto já teve grandes embates e por diversas vezes, a fúria do hoje #1 do mundo, era abrandada por uma tirada de pé do britânico, algo que não aconteceu neste final de semana no Brasil: Hamilton fez sua trajetória no S do Senna e não abriu mão de seguir o seu caminho, mesmo que custasse um toque com o holandês, algo que ocorreu, deixando à sorte a vida dos dois – Hamilton teve um leve prejuízo e mesmo tendo perdido diversas posições, soube fazer o seu trabalho e encerrar a corrida na segunda posição.
Perez chegou a ser títulado como "ministro da defesa" pelo trabalho de proteção a Verstappen durante as provas. Divulgação
Na mesma corrida, mesmo sem valer mais nada para o seu campeonato, pois já é campeão desde a etapa de Suzuka, Japão, Verstappen minou dois pontos de Sergio Perez, seu companheiro de equipe que muito já lhe ajudou, algo que o manteria na segunda posição do mundial de pilotos, sendo muito “valioso” para sua equipe, já que a Red Bull Racing nunca encerrou uma temporada com um 1-2 de pilotos no campeonato – hoje o mexicano esta empatado em pontos com Charles Leclerc da Ferrari, porém por critério de desempate, o piloto da Ferrari tem três vitórias, contra duas de Perez e caso nenhum deles pontue em Abu Dhabi, o vice-campeonato vai para o piloto do time italiano.
Especula-se que Verstappen não seguiu a troca de posições sugerida pela equipe por vingança ao episódio da qualificação do GP de Mônaco deste ano, quando Perez bateu no final do Q3 e gerou uma bandeira vermelha, que encerrou a qualificação, com o mexicano terminando o treino na terceira posição, ao lado do seu companheiro de equipe, que vinha numa volta espetacular e possivelmente seria o pole position da etapa.
Depois da corrida e com a fervura mais baixa, a equipe e o piloto disseram que farão o que for possível para que Checo Perez consiga os pontos necessários para sagrar-se vice-campeão do mundo em Abu Dhabi, mas e se o mexicano por algum motivo não encerrar a corrida? De nada valerá tudo o que for feito, pois Leclerc pontuando ou não terá tomado para si o posto de vice.
Porém, estes são apenas dois exemplos (num mesmo dia) da forma como Verstappen lida com o mundo ao seu redor, onde não podemos deixar de lembrar que um dos motivos que supostamente fez Daniel Ricciardo largar a equipe ao final de 2018 e rumar no ano seguinte para a Renault (hoje Alpine), foi exatamente a forma como o holandês lidava dentro da equipe.
Acidente de Riccardo e Verstappen em Baku/2018. Divulgação
Alex Albon e Pierre Gasly, que também foram companheiros de equipe de Verstappen também não tiveram vida fácil na Red Bull e ao que parece, nunca receberam qualquer tipo de ajuda do holandês, que sempre se sentiu no time superior a todos que estavam ao seu lado.
É verdade que neste ano Verstappen foi campeão com maestria, vencendo de forma avassaladora a quantidade de corridas que fez, mas em 2021 se não fosse a ajuda da equipe e do seu companheiro de time, seu primeiro título dificilmente teria sido alcançado no ano passado.
Ao que parece, aquele piloto maduro que desde o ano passado o holandês vinha demonstrando ser, não passou de um breve insight em sua carreira, onde ao que parece está voltando a ser aquele jovem sem limites, sem conseguir avaliar as situações e tirar delas o melhor proveito – é claro que a corrida de ontem não anula o seu talento, mas coloca em dúvida se tudo o que ele obteve até aqui, foi algo conquistado por capacidade ou por política, sendo o mesmo tipo de sensação que paira sobre diversos títulos e vitórias de Michael Schumacher, também muito talentoso, mas alguém que sabemos que recebeu todo tipo de ajuda e realizou todo tipo de “atrocidade” para se dar bem.
Seja como for, Verstappen mostrou ontem que sua temporada 2023 não irá iniciar da melhor forma, pois a começar da sua garagem, os atritos parecem que não serão poucos e, se o modo como Hamilton lidou com a situação ontem no S do Senna inspirar os adversários do piloto da Red Bull Racing a agir contra o ex-#33, sua vida não será nada fácil a partir do ano que vem.
Sendo assim, aguardemos o desenrolar da história...
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