FÓRMULA 1 E ANDRETTI: SERÁ ESTE O SONHO AMERICANO DE DOMINAR O ESPORTE?


Já não é de hoje que a família Andretti deseja entrar na Fórmula 1 e com a atual investida, desta que é uma das mais tradicionais famílias do automobilismo norte-americano e mundial, vai ser difícil conter o ímpeto para que enfim haja um time Andretti na Fórmula 1.


Na verdade a história correta não é entrar na Fórmula 1, mas sim levar o nome Andretti novamente à categoria, já que em 1978 um senhor norte-americano de ascendência italiana chamado Mario Grabielle Andretti foi tão somente campeão desta, sendo ele um dos cidadãos dos EUA de maior sucesso no automobilismo mundial, com seu DNA competitivo e de ótimos resultados mantido nas gerações seguintes, ainda que fora da F1.

A Andretti é uma das potencias da Formula Indy. Reprodução

Desde o ano passado a Andretti Autosport, conglomerado que compete na IndyCar, IMSA, Extreme E, Fórmula E, entre tantas outras categorias de alto nível, tem buscado meios para entrar na Fórmula 1, onde por pouco inclusive não foi fechada a compra da Sauber, então competindo como Alfa Romeo, dando ao time o seu “green card” para entrar na Fórmula 1.

Mas agora a investida parece estar num nível acima, onde o plano A da equipe (e diga-se de passagem, não contempla planos B ou C) é estar na categoria em 2024, com acordo de fornecimento de motores já fechado com a francesa Renault, hoje sem nenhuma equipe cliente na categoria e correndo sob o nome Alpine, sua divisão de competições.

“Temos um acordo formal sobre o fornecedor do motor. Vai ser a Renault e me sinto à vontade para dizer isto agora”, disse Mario Andretti ao canal do youtuber David Land.

Andretti possui operação no IMSA e no WEC. Reprodução

A empreitada da Andretti é muito forte e isto tem incomodado os times que já estão na Fórmula 1, pois sabem que a formação desta equipe será muito bem estruturada, uma vez que dinheiro não parece ser problema, inclusive podendo já deste o inicio se tornar um grande player do esporte, o que para alguns pode representar uma ameaça.

“Falei com muita gente no paddock da IndyCar neste final de semana [na abertura da temporada 2022 em São Petersburgo]. O projeto Andretti F1 é sério. Muito sério! Eles poderiam pagar a taxa de entrada na F1 com alguns trocados deles e se estivéssemos numa era sem limites orçamentais, teriam financiamento para fazer com que os três primeiros [grandes times] estremecessem. Não me admira que o establishment se preocupe”, disse Will Buxton, jornalista britânico especializado em Fórmula 1 que atua junto a Liberty Media, dona dos direitos comerciais da categoria.

E a Andretti sabe que precisa correr contra o tempo, pois 2024 apesar de ainda faltar dois anos para chegarmos até ele, na Fórmula 1 é um tempo muito curto, especialmente quando se fala em recrutamento de pessoal especializado, sem contar no desenvolvimento do carro entre outras tarefas de grande envergadura.

Mesmo com a saída da BMW, a Andretti se manteve na Formula-E. Reprodução

Falando ao site Motorsport.com, Michael Andretti foi enfático ao dizer que precisa em no máximo um mês uma resposta da FIA sobre a liberação para a entrada do time na categoria, o que adiciona um pouco mais de lenha neste também imenso caldeirão de vaidades que é a Fórmula 1.

“Precisamos da resposta rapidamente porque o relógio está contando o tempo para estarmos na F1 em 2024. Precisamos saber isto dentro de um mês. Não sei o que motiva a demora, por isso espero que eles se decidam. A forma como o vamos fazer será de primeira classe do inicio ao fim. Temos grandes planos que serão realmente bons para a Fórmula 1. Os meus apoios são ótimos e eles entram para ser competitivos, não apenas para dizer que estão na Fórmula 1. São pessoas ligadas ao esporte, que transformaram estruturas que não eram competitivas, para depois se tornarem competitivas, por isso sabem como fazer estas coisas. Por isso, seria uma pena se não conseguíssemos fazer. Será bom para todos”, disse o filho do campeão mundial de 1978, que é o homem de frente da Andretti Autosport.

Equipe possui operação no Xtreme-E. Reprodução

Muito ou pouco, a verdade é que a Andretti incomoda os times que estão na categoria, com declarações inclusive de Toto Wolff, diretor esportivo da Mercedes, dizendo que dez equipes é o suficiente para a categoria. Mas, muito em vista pensando no próprio bolso, uma vez que com novos entrantes o bolo de dividendos distribuídos às equipes pela Fórmula 1 passa a ser mais fracionado.

Porém esta postura é contrária a de Andreas Seidl, chefe de equipe da McLaren, que enxerga com bons olhos a entrada do time norte-americano na Fórmula 1.

Seja como for, a verdade é que há algum tempo a categoria, tanto organizadores, como times, eram quase unanimes em dizer que a Fórmula 1 comportaria 24 carros no grid, perfazendo-se então 12 equipes, mas subitamente, não se sabe se pela forma como foi redigido e aprovado o novo Pacto de Concórdia, ou pelo fato da Andretti ser um grupo de sucesso por onde se aventurou, hoje o entrave à entrada do time parece ser real.

Mario Andretti foi campeão mundial de Formula 1 em 1978 com a Lotus. Reprodução

A FIA tem um grande abacaxi nas mãos para descascar e pela forma como ela o fizer, pode desmoralizá-la na comunidade esportiva internacional, pois atendendo-se aos requisitos para entrada na categoria, o que impede que Andretti esteja no grid em 2024?

O interesse da Andretti há algum tempo já está posto a mesa – resta agora o bater do martelo, seja para o sim, seja para o não.

Para o bem do esporte, tal como em um casamento, é chegada a hora do “sim”.


Márcio de Luca

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Márcio de Luca

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