Porém, será que Russell realmente é este ponto fora da curva que é tão falado, ou será um mero Valtteri Bottas de origem inglesa?
Mas, antes de falar das possibilidades e especulações, temos que falar da carreira do piloto, que data de 2006 quando ele começou a correr de kart, estreando nos monopostos em 2014 – deste ponto pra frente ele começou a escrever sua história, que verdadeiramente o habilitou para se assentar em um dos carros da Mercedes, talvez o mais cobiçado dos últimos tempos.
Em 2014 Russell venceu o campeonato britânico de Fórmula 4; em 2017 foi campeão da extinta GP3 e no ano seguinte sagrou-se campeão da Fórmula 2, quando então fazia parte do programa de jovens pilotos da marca germânica, que o credenciou para um dos cockpits da fraca Williams em 2019.

Russell em ação na GP3. Reprodução
Em sua temporada inaugural na Fórmula 1 Russell tirou leite de pedra do fraco FW42, cujo companheiro de equipe era o polonês Robert Kubica, que ironicamente andou praticamente em 100% da temporada atrás do jovem talento, mas foi o responsável por marcar o único ponto que o time acumulou naquele ano.
No ano seguinte, 2020, o carro da Williams parecia ainda pior e com isto, andar atrás não se tornou regra, mas sim meio de vida da equipe, que passou por toda a temporada sem sequer marcar um único ponto. Mas também foi neste ano que Russell teve sua oportunidade de ouro, pois mesmo sendo visto como uma grande promessa do esporte, seus resultados eram mascarados pelo fraco carro que possuía e com isto, os últimos lugares do grid eram presença constante.
Hamilton foi infectado pelo novo coronavírus e assim sua vaga ficou aberta temporariamente e Toto Wolff, chefe do time alemão e empresário do jovem piloto, não pensou duas vezes em lhe dar o carro do #44 para correr o grande prêmio de Sakhir no Bahrein, onde então o que seria uma jovem promessa, se tornou uma realidade: Russell se classificou para a prova na segunda posição e já na largada assumiu a ponta da prova para liderar quase que de forma absoluta.

Russel teve uma oportunidade de ouro em 2020 no Bahrain e a agarrou com unhas e dentes. Reprodução
Mas, faltando 20 voltas para o final da corrida, como se fosse uma cena de filme de drama, a equipe colocou no carro de Russell os pneus dianteiros que seriam de Bottas e com isto o piloto precisou retornar aos boxes para efetuar a troca novamente das borrachas, perdendo a liderança da corrida, sobretudo por logo após o imbróglio um pneu furado ter lhe tirado qualquer chance de vencer ou ir ao pódio – encerrou a corrida na nona posição e como havia feito a volta mais rápida, obteve seus primeiros dois pontos na categoria.
Seguiu-se então de volta à Williams que não lhe permitia ir além do lugar comum que já estava habituado: na corrida seguinte se classificou na 18ª posição e terminou a corrida em 15º, encerrando assim a temporada 2020 com dois pontos no time alheio, já que a Williams permaneceria sem pontuar.
ANO NOVO, NOVOS PONTOS
Eis que chegamos a 2021 e com ele, uma Williams distante da família que lhe daria o nome, já que Frank e Clair Williams haviam deixado no final do ano anterior (na ocasião do GP da Abu Dhabi) o time, onde novos ares pareciam estar sendo bombeado para dentro do coração da equipe, que ainda padecia da falta de dinheiro, mas o humor e o ânimo de todos eram visíveis já nas primeiras atividades da temporada.
Neste momento Russell era dado quase que como certo na equipe Mercedes no ano seguinte, fazendo com que seus ânimos parecem exacerbados, sendo isto notado mais fortemente na ocasião do GP de Ímola, quando em uma manobra em que colocou parte do carro na grama molhada, perdeu o controle do carro e causou um acidente violento com Bottas – após o incidente, sua reação imediata foi a de quem estava coberto de razão, como se o finlandês tivesse causado o acidente, porém ao rever as imagens do ocorrido, percebeu que não eram bem assim que as coisas haviam ocorrido, ocasionando um pedido de desculpas ao finlandês.

A Williams foi uma "casa" que proporcionou o desenvolvimento de Russell como piloto. Mas será que foi o suficiente? Reprodução
Passando uma borracha sobre o incidente da Itália, Russell mostrou sua habitual regularidade e ela fez com que no GP da Hungria seus primeiros pontos pela Williams surgisse, encerrando a prova na nona posição, uma atrás do seu companheiro de equipe, o canadense Nicholas Latifi. Depois do final da corrida a direção de prova desclassificou Sebastian Vettel da Aston Martin e com isto, subiu uma posição na colocação final, marcando então quatro pontos.
EFETIVAÇÃO NA MERCEDES: TALENTO POSTO A PROVA
No dia 7 de setembro Russell seria finalmente anunciado como piloto da Mercedes, em um acordo cuja duração não foi divulgada, mas que segundo a equipe seria de “longo prazo”.
Russell viria a pontuar outras três vezes em 2021, onde o resultado mais expressivo foi o segundo lugar em Spa-Francorchamps na Bélgica, porém um momento completamente atípico do campeonato, mas nada que tire o brilho do seu resultado, que ao final do ano lhe conferiu a soma de 16 pontos no campeonato.
Verstappen e Russel após o caótico "não-GP da Bélgica". Será que o talento do inglês é o suficiente para bater o campeão mundial da RBR? Reprodução
Não é possível avaliar se a confirmação de sua ida à Mercedes foi a responsável pela pontuação que Russell colheu ao longo de 2021, porém é imaginado que isso foi um grande motivador, haja visto que seus primeiros pontos pela Williams vieram no GP da Hungria, poucos dias antes do anuncio oficial de sua transferência para o time alemão.
Agora que já está de posse do novo cockpit, Russell tem um desafio muito maior a cumprir, pois até então correu com companheiros de equipe de talentos e capacidades inferiores aos seus e terá agora um Hamilton ávido por vitórias e títulos, o que pode ser um grande entrave na sua carreira, já que enquanto seu conterrâneo estiver na equipe, seus resultados não serão fáceis a começar pela briga doméstica que terá que vencer.

Russell nos testes de Abu Dabhi. Piloto agora deverá provar seu valor na poderosa Mercedes. Reprodução
A partir de agora o piloto não terá no fraco carro que tinha na Williams a tábua de salvação para justificar os maus resultados e mesmo que a Mercedes não seja a grande força da categoria nesta temporada que está prestes a iniciar, seguramente não será o carro mais lento do grid, o que de cara já impõe a Russell a obrigação de pontuar, trazendo no mínimo os resultados que Bottas entregou outrora.Pode parecer cedo para opinar, mas ao que tudo indica capacidade de adaptação à nova equipe Russell tem de sobra, mas devemos lembrar da chegada de Daniel Ricciardo à McLaren e a chegada de Sergio Perez à Red Bull Racing, pilotos que não há dúvidas sobre suas capacidades e talentos, mas que não tiveram vida fácil em seus novos cockpits.
O tempo dirá se Russell é realmente tão bom como se pinta, onde não duvido que todos esperam que se constate isto; mas este mesmo tempo muitas vezes é cruel e faz rapidamente com que o mais reluzente ouro, seja percebido como bijuteria barata e logo seja descartado.
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