FÓRMULA 1 - JEDDAH, UMA CONFUSÃO ANUNCIADA


A penúltima jornada da temporada 2021 da Fórmula 1 já nos trazia uma desconfiança que a corrida não seria das mais tranquilas, sobretudo porque o rápido e novíssimo circuito de Jeddah, também por ser uma pista de rua, demonstrava que seria palco de grandes acidentes.


Como prenúncio, a Porsche Cup e a Fórmula 2, corridas preliminares do GP da Arábia Saudita, praticamente não existiram, uma vez que o volume de acidentes nestas duas provas fizeram inclusive que a corrida dos Porsches acabasse em bandeira vermelha. 

E eis que veio a prova da Fórmula 1 e por ser uma categoria de carros mais rápidos, os acidentes vieram na mesma velocidade: Mick Schumacher da Haas desfez uma das barreiras de proteção e com isto tivemos a primeira bandeira vermelha. A pancada do jovem alemão se deu no mesmo local onde Charles Leclerc da Ferrari havia destruído seu SF21 na sexta-feira, o que de certa forma mostra que o local é propenso a isto. 

A prova foi interrompida e no seu retorno, poucas voltas depois, uma nova bandeira vermelha surgiu, desta vez motivada pelo acidente de Sergio Perez da Red Bull Racing e este sim nos dá uma clareza maior do grande problema desta pista: os inúmeros pontos cegos do circuito. 

O acidente com Perez teve consequências pequenas para o piloto se levarmos em consideração o local onde aconteceu e a forma como o carro ficou parado na pista, porém, indiretamente ele gerou o acidente entre George Russell (Williams) e Nikita Mazepin (Haas), onde este segundo encravou seu carro na traseira do britânico e o motivo foi a curva cega logo à frente que causou uma redução brusca de velocidade dos pilotos, onde o jovem russo, dessa vez totalmente isento de culpa, não conseguiu frear e evitar a colisão. 

A segunda bandeira vermelha foi a última, porém após o retorno da corrida o que se viu foi uma sequência interminável de safety car virtual, o VSC, fazendo assim o que seria uma verdadeiro show de velocidade, se tornar uma romaria na Arábia, algo completamente fora dos padrões que se espera de uma corrida de Fórmula 1. 

Dos 20 carros que largaram, cinco não completaram a prova, porém, é quase certo que dos 15 que terminaram, todos carregam marcas da batalha, pois a pista de Jeddah foi palco de diversos toques entre pilotos, fazendo com que muita fibra de carbono tenha sido deixada de lembrança para os árabes. 

A verdade é que o volume de incidentes fez com que a luta pelo título que está sendo disputada ponto a ponto, ficasse quase em segundo plano, o que mostra que algo precisa ser feito nesta pista saudita, pois a partir do momento que carros e pilotos deixam de ser os protagonistas de uma corrida, algo definitivamente está errado. 

O governo local como forma de promover o seu país e aproximar os turistas ocidentais de lá, buscará manter a prova no calendário da Fórmula 1, mas para que isto seja possível, fica claro que o lay-out da pista precisa ser modificado, sob pena de pilotos protestarem e não querer competir, pois afinal, a segurança deve vir em primeiro lugar e isto hoje não é assegurado. 

Neste imbróglio todo, MaxVerstappen e Lewis Hamilton também se pegaram na pista e por incrível que pareça, as faíscas geradas entre ambos, em nada teve a ver com a pista e sua concepção, por mais que tenha ocorrido dentro dela. 

Para este que vos escreve, são estes pegas que devem ser as maiores e melhores lembranças de uma corrida e não volume de interrupções que se deu nela. 

Foto: Fórmula 1 


Márcio de Luca

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Márcio de Luca

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