FÓRMULA 1 - O QUE O TITULO DE VERSTAPPEN MOSTRA PARA O MUNDO?


Neste final de semana que se passou o mundo assistiu atônito a grande final da temporada 2021 da Fórmula 1, onde com contornos de drama, tensão e muita pressão em todos os sentidos, o holandês Max Verstappen sagrou-se campeão, o que além de toda simbologia que o feito traz, mostra algumas faces da categoria que carecem de certa atenção e mudanças.


A primeira delas é o fato de um piloto “holandês” ser campeão pela primeira vez na história de 72 anos da Fórmula 1 – apesar do país ser um grande celeiro de bons pilotos, Verstappen foi o primeiro a vencer uma corrida na categoria e obviamente, o primeiro a ser campeão.

Na frase acima a palavra holandês está entre aspas porque na verdade Verstappen é nascido na Bélgica, em Hasselt, porém optou-se por dar ao jovem a nacionalidade do chamado Países Baixos, terra natal do seu pai, o ex-piloto de Fórmula 1 Jos Verstappen com a piloto belga Sophie-Marie Kumpen.

Primeiro holandês campeão frente contra um dos maiores pilotos de todos os tempos. O feito de Max é histórico. Reprodução

Com o titulo do piloto da Red Bull Racing, a equipe que desde a saída de Sebastian Vettel no final de 2014 não sabia o que era levantar uma taça, recoloca seu nome no topo da lista de grandes equipes vencedoras e, ainda que não tenha vencido o mundial de construtores, o piloto campeão deste ano o fez através de um dos seus carros – os rendimentos da equipe são mais gordos a medida que o time está na ponta, porém o marketing maior é oferecido ao piloto vencedor e isto também é um ganho.

Outro fato que deve ser observado é a vitória de um motor Honda na categoria depois de 30 anos do seu último feito: em 1991 pelas mãos de Ayrton Senna o McLaren MP4/6 seria o último carro da Fórmula 1 a ter seu piloto como alguém que levantou uma taça de campeão mundial sendo empurrado pelo bloco nipônico.

Ultimo título da Honda havia sido em 1991 pelas mãos de Senna. Reprodução

Este feito de Verstappen coroa um trabalho da montadora nipônica, que com a mesma McLaren campeã pela última vez, sua porta de entrada no retorno à categoria, teve de forma quase que trágica sua história interrompida, mas pelas mãos da Red Bull, a marca se manteve na Fórmula 1 inicialmente via Toro Rosso, para no ano seguinte equipar os quatro carros do grupo.

Este título também quebra de forma positiva uma sequencia de triunfos da Mercedes e ainda que o time alemão tenha sido campeão do mundial de construtores, o piloto de sua equipe melhor colocado, o britânico Lewis Hamilton, não pode levantar sua oitava taça, o que para o esporte faz bem, pois a “alternância de poder” é algo necessário.

NEM TUDO SÃO FLORES NA TEMPORADA

Mas, nem só de fatos positivos esta temporada e este título viveram, pois também neste campeonato vimos uma sequência interminável de equívocos causados pela direção de provas da FIA, onde na pessoa de Michael Masi, diretor de corridas da entidade máxima do automobilismo mundial, vimos uma falta de pulso e de certa forma, até de conhecimento das regras na condução dos acontecimentos, o que nos fez sentir uma imensa saudade de Charlie Whiting, que de forma serena e enfática, conduzia com maestria todo e qualquer imbróglio que surgia.

Masi foi protagonista de vários momentos polemicos na temporada. Reprodução

Na ultima corrida, por exemplo, no incidente que causou a entrada do safety car, inicialmente havia sido informado que os carros retardatários não passariam pelo líder (o famoso Lucky dog, termo muito utilizado na Nascar), afim de todos ficarem na mesma volta, algo que como sempre ocorreu nas corridas, era contrário ao usual. Mas, imediatamente uma nova mensagem na transmissão informava que o procedimento seria realizado.

E este, é apenas um dos exemplos de algumas trapalhadas vistas neste ano, que praticamente em toda corrida, havia um motivo para discórdia e dúvida.

Fora isso, a regra de comissários desportivos fixos foi abolida e isto tem causado uma grande confusão nas corridas, pois em cada prova um novo grupo que não tem conhecimento dos detalhes de acontecimentos em provas anteriores, faz o trabalho de avaliação de incidentes, o que faz com que em cada corrida decisões sejam tomadas as vezes contradizendo decisões de corridas anteriores em incidentes muito similares.

Porém, tudo serve de aprendizado e não duvido que algo deva mudar na próxima temporada, que com regras novas o balanço de forças na categoria tende a ser modificado, onde não duvido que Ferrari, a terceira força deste ano, venha ainda mais forte, bem como a McLaren, que vem de uma grande reestruturação e que dentro de um novo pacote de regras, pode dar o salto que tanto deseja.

Além disso, depois da vitória de Verstappen e o adiamento da oitava taça de Hamilton, algo que o deixaria como o maior recordista de todos os tempos da categoria, seguramente o britânico voltará em 2022 com a faca nos dentes, o que de cara já nos permite perceber que antes mesmo de começar, a próxima temporada promete.

Podemos esperar um 2022 cheio de emoções e rivalidade nas pistas. Reprodução

E por fim, leve em consideração o “efeito Brawn GP” na próxima temporada, onde uma dada equipe pode fazer uma interpretação única do novo regulamento e conseguir um salto de desempenho muito superior às demais equipes, o que colocaria definitivamente mais fogo na temporada.

Desta forma, o que nos aguarda em 2022 de verdade não sabemos, mas certo é que teremos uma grande temporada novamente, para dar sequência a que acabou domingo e que já está deixando muita saudade.


Márcio de Luca

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Márcio de Luca

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