Porém, nada como um ano após o outro para que a casa fosse arrumada, juntamente com a construção de um carro fantástico como é o F1-75, para que o resultado começasse a aparecer de forma consistente e organizado.
E não falo apenas devido à liderança de Charles Leclerc no mundial de pilotos, nem tão pouco da equipe do mundial de construtores, mas em suma pelo afinamento que o time tem demonstrado corrida após corrida – é verdade que a equipe deu uma bobeada na qualificação com Carlos Sainz, mas pelo modo como o time vem operando o campeonato neste ano, creio que seja um ponto isolado.
Mas, vamos voltar ao ano de 2020, segundo ano de Mattia Binotto na equipe, que verdade seja dita estava em frangalhos, com muita gente envolvida, mas com pouca capacidade de agir para conter a então gigante Mercedes: o time contava com um decadente Sebastian Vettel e a jovem promessa Charles Leclerc que queria a todo custo mostrar sua competência e sedimentar logo de cara sua condição de primeiro piloto da equipe. Não precisa nem dizer que a dupla rapidamente azedou e o caldo engrossou.

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Na ocasião Binotto era malhado pela grande maioria da imprensa e por muitos teve sua cabeça pedida, mas a Ferrari mostrou uma maturidade grande como time e sabendo que o problema não era efetivamente Binotto, mas sim a estrutura, manteve o italiano no comando e deu-lhe a oportunidade de arrumar a casa.
A equipe tinha um carro mau nascido, um péssimo motor e isto lhe custou a sexta colocação no mundial de construtores e a pior campanha em 40 anos, onde vale lembra quem em 2019 a equipe foi envolvida em uma investigação da FIA que constatou que o motor que a equipe utilizava estava fora do regulamento – não perdeu os pontos daquela temporada, mas trouxe para 2020 um motor que definitivamente não estava a altura da Fórmula 1.
E então veio 2021 e já sem Vettel, mas com a vitalidade de Carlos Sainz, o time cresceu em todos os sentidos, com as operações de pista sendo aos poucos melhorada, culminando na terceira colocação do mundial de construtores, onde pela primeira vez em muitos anos, a dupla de pilotos trabalhou em conjunto para trazer o resultado para e equipe.

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Com as operações de pista entrando na linha, Binotto se fortalecendo como chefe da equipe, o time teve a tranquilidade que precisava para poder trabalhar bem nos bastidores e desta forma, interpretar de maneira correta as novas regras e criar um carro que permitiu a Leclerc estar longe o suficiente do segundo colocado, para que em nenhum momento fosse atacado pelos benéficos da asa móvel aberta no GP da Austrália de ontem.
Era nítida a facilidade de Leclerc pilotar ontem, tendo inclusive o luxo de escolher quando faria a volta mais rápida corrida, que já estava assegurada em suas mãos.
É bem verdade que Carlos Sainz largou de nono ontem e talvez de forma afoita, fez com que seu carro fosse parar na brita e sua corrida acabasse ainda na primeira volta, porém, isto ao que tudo indica, também é um ponto isolado e que de longe ilustra a Ferrari de 2022.

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Em suma, a Mercedes nestes seus sete anos de reinado na era turbo-hibrída foi uma grande escola e ao que tudo indica, a equipe italiana tirou o máximo de proveito das aulas e agora é ela quem está dando um curso intensivo para as equipes concorrentes.
É cedo para tirar qualquer tipo de conclusão? Sim, muito cedo, estamos apenas na terceira etapa da competição (de 23 ao todo), mas a consistência da equipe vermelha aliada a falta de confiabilidade e desempenho dos concorrentes, traçam um mapa bem definido do que pode ser o decorrer do campeonato.
Claro que Red Bull Racing e Mercedes vão se movimentar, assim como a McLaren já mostrou neste final de semana que também está trabalhando nos bastidores, porém fica a pergunta: alguém acha que a Ferrari vai ficar parada? Claro que não e isto só nos indica que a temporada deste ano vai crescer ainda muito mais!
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