Desta forma, diante de tantas evidências que o carro da Red Bull Racing é criado de tal modo a cair como uma perfeita luva para Max Verstappen, como fazer uma leitura sensata sobre o fato de ninguém, ou quase ninguém, conseguir se entender com os RBs que foram lançados neste período de dinastia do holandês no time austríaco?
Sergio Perez foi aos poucos rifados no ano passado, culminando em sua demissão no mês de dezembro, porém, antes dele Alexander Albon teve o mesmo destino e agora o jovem neozelandês Liam Lawson sucumbiu à enorme frigideira taurina que atende pelo nome de carro número dois do time.
Isto me faz pensar em um outro questionamento: Verstappen é indiscutivelmente um talento e tira no braço qualquer falta do carro, mas Albon, Perez e Lawson são tão inferiores assim, a ponto de não conseguirem acompanhar nem de longe o rastro do holandês?
Claro que não! Podem não ser pilotos brilhantes como Verstappen é (digo podem, pois não é possível saber seus verdadeiros potenciais nesta comparação com Max), mas estão longe de ser a rabeira do grid, como Lawson tem sido neste ano e como Perez amargou em algumas ocasiões no ano passado.
Mas, sabendo que um único piloto não é capaz de vencer o mundial de construtores, porque a Red Bull não cria um carro bom para quatro mãos?
Simples: ter o piloto número um no seu carro gera um avassalador ganho de marketing fora das pistas, algo que fica no chinelo perto do que a McLaren recebeu no ano passado por ter sido o time vencedor do campeonato, onde diferente do time papaia que ganha a vida vendendo carros, a Red Bull vive de dizer que os seus produtos "te dão asas" e nada melhor que um vencedor de uma categoria tão importante como é a Fórmula 1, para mostrar que ela faz voar mesmo.
Fazendo um paralelo com o que ocorre na Red Bull, vamos dar uma olhada na passagem do finlandês Valtteri Bottas pela Mercedes: na época que correu ao lado de Lewis Hamilton, salvo em 2021, em todos os demais anos o britânico foi campeão no mundial de pilotos, porém, inclusive em 2021 a Mercedes foi campeã de construtores, o que demonstra que o carro do time permitia a Bottas, que ao meu ver está no mesmo patamar dos três segundos pilotos da RB citados acima, angariar os pontos necessários para a equipe ser também campeã.
Pode parecer uma matemática burra aos olhos da grande maioria (eu também pensava assim até pouco tempo), mas a Red Bull sabe muito bem fazer contas e, se for preciso cortar na carne para ter o holandês como campeão, algo que ele é realmente capaz de o ser novamente, não há problema do segundo carro ter um piloto decorativo e isto fica de certa forma claro ao vermos que Perez renovou com a equipe por dois anos, quando o mundo inteiro quase que conclamava o time para que desse o assento a outro piloto - Perez aceitou as condições, ganhou seu bom dinheiro e quando o mexicano estava começando a queimar o filme da marca, pagou-se a multa e lhe deu asas para voar longe da equipe.
No ano passado a luta entre a McLaren e a Ferrari pelo mundial de construtores se deu até a última corrida, pois os dois pilotos de cada um dos times pontuaram regularmente, deixando a Red Bull para traz, pois Max sozinho não pode maximizar ao extremo os pontos para o time.
Neste ano o time de Woking começou muito forte e é claramente a primeira força do grid, mas Verstappen mesmo com um carro notadamente inferior, participou dos pódios nas duas corridas principais e na sprint realizadas até então, estando a apenas oito pontos do líder Lando Norris.
E ai fica mais uma pergunta: alguém descarta Verstappen como um dos postulantes ao título de pilotos deste ano? Imagino que não e mesmo que o seu time não seja campeão ao final da temporada, o que importa é o holandês estar estampando capas de revistas, outdoors e todo tipo de publicidade física ou eletrônica, vestindo o uniforme da equipe com o dedo indicador apontado pra cima com o título de campeão.
Na matemática clássica dois mais dois são quatro, mas no mundo dos negócios, as vezes dois menos dois pode resultar em quatro também e isto, só a Red Bull é capaz de responder.
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Foto: Fórmula 1
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