AUTOMOBILISMO - A HISTÓRIA CONTADA PELO BRASIL


No último domingo na forma de um imenso flashback, vimos o britânico Lewis Hamilton pegar uma bandeira do Brasil e completar sua volta pós-vitória na corrida de Interlagos, o GP de São Paulo de Fórmula 1, nos fazendo lembrar do ídolo Ayrton Senna, que tantas vezes fez isto.


Mas, os feitos de Senna foram antecedidos pelos grandes feitos de Nelson Piquet, que tal como o piloto que inspirou Hamilton, também foi tricampeão de Fórmula 1, onde antes deste, Emerson Fittipaldi também nos deu alegrias com diversas vitórias e o seu bicampeonato da mesma categoria.

Porém, mesmo com a já longínqua década de 70, período que Emmo foi campeão duas vezes (1972 e 1974), outros desbravadores já haviam passado pela categoria antes e, mesmo o Brasil estando do outro lado do Oceano Atlântico, sem a tradição dos garagistas britânicos, dos construtores alemães ou franceses, estávamos e estivemos fortemente lá.

Foram estes que inspiraram todas as gerações que vieram depois, iniciando por Chico Landi ainda na década de 50, chegando aos tantos pilotos em atividade hoje.

Hoje não temos nenhum brasileiro na categoria máxima do automobilismo (já se passaram 32 por lá), mas não apenas de Fórmula 1 vive o esporte motorizado e isto tanto é verdade que categorias como o WEC, IMSA, IndyCar, Nascar, Fórmula E, DTM, TCR e um bom punhado de outros exemplos, são vistas com igual importância e nestas,temos brasileiros brilhando e levantando nossa bandeira nos pódios que se espalham pelo mundo.

Sette Camara é representante do país na Formula E. Reprodução

É claro que a Fórmula 1 é provavelmente a maior vitrine do automobilismo mundial, mas fica muito visível que ela não é a mais importante, sobretudo quando falamos da tríplice coroa do automobilismo, composta por vitórias nas 24 Horas de Le Mans (WEC), nas 500 Milhas de Indianápolis (IndyCar) e no GP de Mônaco, este sim da Fórmula 1, porém, uma das corridas mais chatas e sem emoção do calendário da categoria.

PENSANDO FORA DA CAIXA

Como grande fã de automobilismo, vejo e valorizo a Fórmula 1 como uma grande categoria, mas longe de fazer comparações entre qual é a melhor, prefiro olhar para os feitos, as dificuldades e a grandeza do esporte como um todo.

E pensando desta forma, podemos pontuar algumas particularidades que cada categoria tem e que de certa forma, são quase únicas e exclusivas a cada uma delas.

Por exemplo, na Fórmula 1 cada piloto é exposto há uma carga expressiva de força G, algo que mesmo que nos demais esportes motorizados ela exista e também seja grande, os níveis da F1 beiram a loucura.

Por outro lado, o que dizer das velocidades alcançadas pelos monospostos da IndyCar nos circuitos ovais? Mesmo a Fórmula 1 indo para circuitos, como Monza, por exemplo, que permitam aos carros encarar velocidades muito altas, a IndyCar é imbatível neste quesito.

Agora vamos pensar em durabilidade e exaustão, tanto humana como de uma máquina: o que dizer das 24 Horas de Le Mans ou de Daytona? Qualquer equipamento e piloto são levados a níveis de desgaste e fadiga quase que impensáveis, onde numa maratona que adentra no dia e rasga a noite como uma fina folha de papel, mesmo que tendo a pilotagem alternada entre três ou quatro pilotos, tudo é extremamente estressado.

Num nível mais abaixo, mas não menos importante, o que dizer de um piloto que numa corrida do WTCR vence e por questão de inversão de grid, larga na segunda corrida lá atrás? Largando lá de trás, briga e corre atrás da ponta da mesma forma que se tivesse largado dela.

Este é o verdadeiro brilho do esporte e cada um com sua dificuldade, têm feito com que mais adeptos corram e mais pessoas os assistam. A roda gira e não para.

RESUMO DA ÓPERA

Entre estas quatro categorias exemplificadas há outras e abaixo delas também, onde todas, sem exceção, são grandes provas e que exigem grandes pilotos, tais como Sérgio Sette Câmara na Fórmula E; ou Eric Granado na Moto-E; Felipe Nasr e Pipo Derani, os mais novos campeões do IMSA; Hélio Castroneves, o atual vencedor das 500 Milhas de Indianápolis e tantos outros nomes brasileiros em atividade.

Derani e Nasr foram campeões do IMSA em 2021. Reprodução

É verdade que seria melhor ver um brasileiro no pódio do GP de São Paulo, com nossa bandeira sendo agitada e o hino nacional tocado, porém, quantas vezes neste ano vimos nossa bandeira em todos os demais pódios por ai? Já pensou nisso?

Talvez seja injusto pensar apenas na Fórmula 1, pois o caminho para chegar em qualquer categoria do automobilismo mundial é igualmente penoso – a Fórmula 1 só se diferencia no quesito dinheiro, pois tendo-o em quantidade, você pula grandes passos para se chegar a um cockpit, mas que com a falta de talento, numa velocidade similar o piloto é derrubado dele.

Neste sentido (dinheiro) nossos pilotos estão em desvantagem, mas o talento, a parte mais difícil e demorada de ser obtida, sobra nos brasileiros, basta ver os resultados de tantas provas e campeonatos que os nossos brazucas estão participando, trazendo sempre boas taças para o nosso país.

Em suma, o automobilismo é grandioso e maravilhoso pelas pessoas que o fazem, pelo esforço que imprimem e pela resiliência que cada um precisa ter – sem isto, qualquer esporte seria pequeno.

Fotos: Divulgação


Márcio de Luca

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Márcio de Luca

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